terça-feira, 28 de outubro de 2008

"Sou a mulher mais maluca do universo. Amém."

- Lygia participou intensamente dos movimentos concretista e neoconcretista no Brasil, assinando o manifesto Neoconcreto, que consistia na radicalização e no rompimento da importação cultural.

- No concretismo, Lygia rompeu com o figurativismo e superou a própria pintura, enquanto substrato de criação, engajando-se no abstracionismo e na confecção de objetos tridimensionais.

- Dotada de intuição plástica poderosa, Lygia é dos concretistas quem mais profundamente compreende e trabalha as relações espaço-temporais do plano.

- Participou de várias mostras nacionais e internacionais sendo conhecida sempre como a representante dos movimentos de vanguarda brasileira desde os anos 50.

- Já no final da vida Lygia trabalhou com objetos relacionais para fins terapêuticos buscando resgatar a memória do corpo para reviver experiências difíceis de verbalizar.

- Em síntese, a obra de Lygia sempre foi marcada pela permanente busca de uma conciliação entre uma racionalidade fundada na tradição construtiva e uma intuição que se revela no onírico e no sensório.

- Lygia Clark poderia ser melhor definida como um bicho impenetrável, às vezes poderia ser classificada como uma provocadora até mesmo orgulhosa, uma pessoa muito complicada e de personalidade muito forte que durante anos foi objeto de análise.

- Lygia sempre radicalizou de todas as maneiras, sempre consciente de tudo, até mesmo fazendo piadas de sua própria natureza.

- Lygia residiu a maior parte de sua vida no Rio de Janeiro, onde foi atuante no movimento artístico do neoconcretismo, como Hélio Oitica, com quem dividiu um diálogo artístico ao longo de sua carreira. Assim, suas trajetórias (a de Lygia e a de Hélio) foram únicas e em ambos os casos radicais em diferentes perspectivas e contribuindo para o desenvolvimento de um vocabulário artístico de interatividade. No caso de Lygia, fundindo a dualidade do corpo e da mente focando primariamente em dimensões subjetivas e psicológicas, experimentalistas e sensoriais.

- Lygia faleceu em 1988 no Rio de Janeiro, e seu legado está presente até os dias de hoje.

- Ela ficará para sempre como uma artista de seminal importância para a arte moderna.





Principais fases dos trabalhos de Lygia:

Linha orgânica e Quebra da Moldura(1954-1956)- Foi uma das primeiras descobertas de Lygia quanto ao espaço. Partiu do princípio da observação que a justaposição de dois planos de uma mesma cor produz uma linha entre eles, o que não ocorria na justaposição de planos com cores diferentes .

Superfície Modulada(1955-1958)- Trata-se do espaço liberto da moldura mas articulado com menos planos e figuras, nesse momento a questão da cor é reduzida e seu trabalho desenvolvido apenas com o preto, o cinza e o branco.

Espaços Modulados e Unidades(1958-1959)- Os espaços modulados são pinturas quadradas e verticais nas quais a superfície do plano de fundo negro em sua maioria era cortada por uma linha branca chamada linha-luz. É nestes trabalhos que ela começa a descobrir os relevos para o plano ao sobrepor camadas leves de madeira sobre o quadro.

Contra-relevos (1959)- Nesta fase o trabalho era desenvolvido basicamente em madeira ainda mais grossa, já apontando ao novo caminho da tridimensionalidade ser seguido. A exploração da área frontal e a área lateral em formas com que o espectador podesse olhar pelos lados chegando ate o espaço interno. Essencial para chegar ate a tridimensionalidade de suas obras.

Casulos(1959)- Aqui se estabelece de vez o caráter tridimensional em seus trabalhos. Ocorre a projeção dos planos do quadro para o espaço realizado em chapas de ferro, dobradas e pintadas de branco e preto

Bichos(1960-1966)- Invenção sem precedentes na escultura, os bichos são objetos móveis formados por planos triangulares e retangulares, circulares e semi circulares que se unem por meios de dobradiças, possibilitando infinitas posições quando manipulados. Assemelham-se a origamis.

Trepantes(1960-1964)- A série trepantes foi a derivação da questão espacial dos bichos, sendo diferenciado dos mesmos por não possuírem dobradiças. São chapas de aço e latão, cobre ou borracha recortadas, que partem sempre de formas circulares chegando ao resultado orgânico do espaço, podendo ser enroscados em pedras galhos ou grandes árvores. Os trepantes de borracha, também chamados de obra mole devido à maleabilidade da borracha, apresentavam caráter praticamente banal a ponto de ser chamado "obra de arte para se chutar".

Caminhando(1965)- Momento especial em que Lygia afirma a dissolução do objeto de arte, com uma tira de papel que vai se alongando infinitamente de acordo com o corte de uma tesoura.
Objetos Sensoriais(1966-1975)- Foram uma série de objetos relacionados ao corpo, uma série de descobertas de possibilidades orgânicas todas associadas ao corpo. A partir daí é desenvolvido todo um trabalho com uma seqüência de grandes objetos cada vez mais relacionados à questão do corpo.

Objetos relacionais(1976-1984)- Foram objetos criados especialmente para a técnica terapêutica que Lygia passou a aplicar em seus “pacientes”. Constituiam basicamente em sacos com água, colchão de nylon com bolinhas de isopor, pequenas almofadas chamadas de leve-pesado (metade areia, metade isopor), conchas e búzios para ouvidos e mel.


Segue link do site youtube de algumas das obras:http://br.youtube.com/watch?v=TYRcKaXw6EQ
O mundo de Lygia Clark: http://br.youtube.com/watch?v=OdKEgmMIeY8&feature=related

quarta-feira, 1 de outubro de 2008

Pensamento Mudo

Pensamento Mudo, anos 1970.

Fonte: "LYGIA CLARK da obra ao acontecimento. Somos o molde. A você cabe o sopro." Catálogo publicado pela Pinacoteca do Estado de São Paulo, 2006,


Lygia Clark

“Os quadros de Lygia Clark não têm moldura de qualquer espécie, não estão separados do espaço, não são objetos fechados dentro do espaço: estão abertos para o espaço que neles penetra e neles se dá incessante e recente: tempo...” In: GULLAR, Ferreira. Uma experiência radical. In: LYGIA Clark. Rio de Janeiro: Funarte, 1980. p. 7-12.

sexta-feira, 19 de setembro de 2008

Lygia Clark - Biografia e Obras

Pintora, escultora, auto-intitulou-se não-artista. Nasceu em Belo Horizonte, 1920.1947 inicia-se na arte no Rio de Janeiro, sob orientação de Burle Marx. Em 1952, viaja a Paris e lá estuda com Léger, Dobrinsky e Arpad Szenes. Expõe no Institut Endoplastique, Paris, e no Ministério de Educação e Saúde, no Rio de Janeiro. Em 1954 integra o Grupo Frente. De 1954 a 58 desenvolve uma pintura de extração construtivista, restrita ao uso do branco e preto em tinta industrial. No ano de 1957, participa da I Exposição Nacional de Arte Concreta, no Ministério de Educação e Cultura no Rio de Janeiro. Em 1959, assina o Manifesto Neoconcreto. Desdobra gradualmente o plano em articulações tridimensionais, Casulos e Trepantes, onde vai se insinuando a participação do espectador. Participa da Exposição Neoconcreta no MAM - Rio. Em 1960, cria os Bichos, estruturas móveis de placas de metal que convidam à manipulação e a Obra-mole, pedaços de borracha laminada enrelaçados. A partir de meados da década de 60, prefere a poética do corpo apresentando proposições sensoriais e enfatizando a efemeridade do ato como única realidade existencial . De 1970 a 75 reside em Paris. Como professora na Sorbonne propõe exercícios de sensibilização, buscando a expressão gestual de conteúdos reprimidos e a liberação da imaginação criativa. No período de 1978a 85 usa Objetos Relacionais com fins terapêuticos. Falece no Rio de Janeiro, em 1988. Tem obras expostas na Bienal Brasil Século XX. Em 1996 tem obras na exposição Tendências Construtivas no Acervo do MAC - USP. Participou da II, III, V, VI ( Prêmio de Escultura Nacional) e VII Bienais Internacionais de SP.